segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Bernardim Ribeiro e Gil Vicente em "Um Auto de Gil Vicente"

           Na introdução desta obra assistimos à caracterização de Bernardim Ribeiro e Gil Vicente. 
        Em primeiro lugar, Gil Vicente é, efetivamente, apresentado na peça de Garrett enquanto "homem do povo" (l. 99), querendo e fazendo tudo pela sua arte, sendo que procura sempre aperfeiçoá-la e ser reconhecido socialmente, algo que temos, de facto, vindo a confirmar no "Auto de Gil Vicente". 
        Já Bernardim Ribeiro, "nobre e cavalheiro" (l. 108), dedicava-se às letras por passatempo, visto que servia a corte por ofício, contrastando com Mestre Gil, que "viveu independente no meio da dependência" e se viu livre da escravidão da corte. 
        Em segundo lugar, estamos perante um carácter "original e atrevido" (l. 104) de Gil Vicente, uma vez que lhe era permitido, como o próprio D. Manuel sugere, a crítica à sociedade nos seus diversos domínios ("Nunca me escondi de priores nem de cónegos (...) Vossa Alteza sabe bem que não sou medroso. Quando eu fiz o clérigo da Beira..."- Um Auto de Gil Vicente, cena 6, ato I). 
        Por outro lado, assistimos a um carácter menos mordaz e mais sentimental de Bernardim, explanado na "Introdução" desta obra ("e amar nele foi viver - amou como poeta" - l. 111) e no próprio texto em si, em concreto nos amores que viveu com D. Beatriz. Constata-se, assim, o sentimentalismo do autor de Menina e Moça, que, ao contrário de Gil Vicente, não procurou reconhecimento social, mas antes a realização pessoal e sentimental.
        Concluindo, assistimos a uma concordância do esboço inicial das personagens com o seu desempenho ao longo da ação. 


Autora: Catarina Silva



segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Cantiga de Amor - Elogio Cortês


 “Pois Deus assim a criou”
 
Que admiração tenho por mha senhor
De ti não levo rancor
Ah, sois tão perfeita e impar
Vejo-te impossível de igualar
             Pois Deus assim a criou
Para quem nunca a desamou
 
Teus cabelos d’oiro ao luar
Como é possível não mirar?
Teu corpo formoso e olhos de safira
É pecado de quem não os admira
            Pois Deus assim a criou
            Para quem nunca a desamou

Mha senhor é tão inteligente
Que se destaca na sociedade
Teu coração não mente
Tua personalidade é bondade
            Pois Deus assim a criou
            Para quem nunca a desamou

Abençoas este mundo
Até ao fim dos meus dias
Com esse teu encanto profundo
Ai meu amor, tu me deste alegrias
            Pois Deus assim a criou
            Para quem nunca a desamou
 
 
Autores: Diogo Vicente, Francisco Grilo, Guilherme Magalhães, Maria Garcia, Rafaela Garcia e Rita Fernandez

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Projeto de Leitura Expressiva de Duas Cantigas de Amigo

Os alunos de Literatura Portuguesa do 10º ano decidiram declamar duas cantigas de amigo do século XII, sendo estas "Venho-vos rogar" e "O que queredes bem". Eis as mesmas, seguidas da dita declamação:


Venho-vos rogar

Mha madre, venho-vos rogar
como roga filh´a senhor
o que morre por mi d’ amor
leixade-m’ ir co[n] el falar;
quanta coita el sigo ten
sei que toda lhi por mi ven.

E sodes desmesurada,
que vos non non queredes doer
do meu amigo, que morrer
vejo e and ´ eu coitada;
quanta coita el sigo ten
sei que toda lhi por mi ven.

Vee-lo-ei, per bõa fé,
e direi-lhi tan gran prazer
per que el dev’a guarecer
poi’-lo seu mal cedo meu é
quanta coita el sigo ten
sei que toda lhi por mi ven.

                oje se parte’ o coraçon!

D. Affonso Meendez de Beesteiros (Século XII)


O que queredes bem

Filha, o que queredes ben
partiu-s ‘ agora d´ aquen
e non vos quiso veer;
e ides vós ben querer
a quen vos nos quer veer?

Filha, que mal baratades[1]
que o, sen meu grad´, amades,
pois que vos non quer veer;
e ides vós ben querer
a quen vos nos quer veer?

Por esto lhi quer’ eu mal,
mha filha, e non por al,
porque vos non quis veer;
e ides vós ben querer
a quen vos nos quer veer?

Andades por el chorando,
e foi ora a San Servando[2]
e non vos quiso veer;
e ides vós ben querer
a quen vos nos quer veer?

Joan Servando (Século XII)



[1]  Procedeis;
[2]  Basílica em Toledo.~





Autores: Diogo Vicente; Francisco Grilo; Guilherme Magalhães; Maria Garcia

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Aproximações entre duas cantigas de amigo


Analisando os dois poemas apresentados (“Pois nossas madres vam a San Simon”, de Pero de Viviãez (Séc. XII) e “Fui eu, fremosa, fazer oraçon” de Afonso Lopes de Baião (Séc. XII) ), é possível notar que têm muito em comum. Como se poderão interligar? Primeiramente, vemos o significado do primeiro texto por si só ­­– esta cantiga de romaria trata de um grupo de moças que vão a uma celebração religiosa, não pelo sagrado, mas para bailar, sem véu, perante os namorados. É este o contraste de um tema profano combinado com o sagrado. 


Formalmente, cada cobla possui quatro versos e é seguida por um refrão dístico. Cada verso é decassilábico.

Vejamos agora o segundo poema – este fala-nos, desta vez, de uma só moça. Esta, de novo, encontra-se numa celebração religiosa, não estando lá para orar por si mesma, mas sim pelo seu amado, que não se encontrou com ela como haviam combinado. 

Formalmente, esta cantiga mostra-se exatamente igual à primeira (coblas de quatro versos decassilábicos, seguidas por um refrão dístico).

Assim, facilmente imaginamos que uma cantiga se passe, temporalmente, imediatamente após a outra – pensando no grupo de meninas que no festival se encontraram com os amados, uma delas ficando de parte, por falta de presença do amigo, rezando para que tudo esteja bem com este. 

Estas histórias, individual ou conjuntamente, mostram-nos fielmente o registo de alguns hábitos do povo no seu dia-a-dia durante a época medieval. 



Autores: Francisco Grilo e Guilherme Magalhães.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Visita ao Museu Nacional do Teatro e da Dança

No dia 24 de outubro de 2017, os alunos de Literatura Portuguesa de 10º e 11º ano do Colégio Pedro Arrupe deslocaram-se até ao Museu Nacional do Teatro e da Dança e ao Parque Botânico, gerido pelo Museu Nacional do Traje, no âmbito da disciplina. 

Acompanhados pela guia Dra. Olga Monteiro, foi-nos feita uma alusão à história do Palácio do Monteiro-Mor, iniciando assim a visita ao museu. Ao entrar no edifício, deparamo-nos logo com a presença de Almeida Garrett através da palavra “Ninguém.”, presente num momento fulcral da sua obra Frei Luís de Sousa

Durante a visita destacamos inúmeros momentos. Em primeiro lugar, foram mostrados figurinos de bailados, sendo o de maior realce o do “Lago dos Cisnes”.

Em segundo lugar, encontrámos o cadeirão de Garrett, que se mostrava imponente e repleto de uma aura histórica. Sentados a redor deste, a guia apresentou-nos várias fotografias e documentos do arquivo geral do teatro, dando-nos a conhecer uma faceta diferente de Garrett. 

Em terceiro lugar, ao prosseguir com a visita, visitámos uma sala onde estavam presentes figurinos, entre eles os de Shakespeare e os de D. Inês e D. Pedro.

Por último, passeámos no jardim do parque Botânico, onde lemos poemas da obra Folhas Caídas, de Almeida Garrett.

Concluindo, esta visita demonstrou-se proveitosa, graças à especial atenção da Dra. Olga Monteiro e dos vários assistentes, que se mostraram prestáveis. No entanto, não devemos desvalorizar o parque, pois este também merece atenção.


Escrito por: Catarina Silva, Domingos Lopes Gallego, Sara Nunes e Sofia P. Faustino.



quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Alguns aspetos sobre a cantiga de peregrinação

Na cantiga de amigo “Pois nossas mães van a San Servando” de Pero de Viviãez (Séc. XII), o grupo de donzelas procurava o lado mais profano de festa, arranjando encontros com os seus amados. Esta cantiga de romaria mistura o sagrado, devido ao facto de estarem a participar num ato religioso, e o profano, pois não estão tão dedicadas como suas mães. 

No entanto, em “Fui eu fremosa fazer oraçon”, de Afonso Lopes de Baião (Séc. XII), o sujeito lírico foi fazer uma oração pelo seu amado que porventura não apareceu no encontro que supostamente iriam ter.

Enquanto na primeira cantiga os amados comparecem e dançam com as donzelas, alegremente, em “Fui eu, fremosa, fazer oraçon” a donzela está a sofrer, pois o seu amado não apareceu no encontro, fazendo com que esta o considere um “traidor”.

Concluindo, apesar de ambas as cantigas serem de peregrinação, o seu desfecho é diferente e os sentimentos são opostos, isto é, enquanto o grupo de donzelas estavam divertidas com os amados, a outra reza e chora pelo seu amigo que a “traiu”.

Estas cantigas apresentam uma realidade da época que ainda se prolonga até aos dias de hoje, utilizando as romarias não como uma celebração religiosa, mas sim como uma festa mais social.


Autores: Maria Garcia e Diogo Vicente                               

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Morrer de amor

        Morrer de amor é viver dele: este provérbio sintetiza a ideia da morte por amor, ou seja, uma morte que não é física, mas sim um abandono a um sentimento que pulula de vida. Como dizia Fernando Pessoa, “Amar é entregar-se”.
       
        Desde os primórdios da Literatura Portuguesa, o amor é uma temática constante. Não só na poesia, como nos mais variados géneros literários. Esta morte por amor principia na Poesia Trovadoresca, permanecendo até à atualidade. Tomem-se como exemplos as inúmeras composições literárias que abordam esta temática. Entre elas, contamos com poemas como «Ai madre, moiro d’amor», de D. Dinis (viragem do séc. XIII para o XIV), ou «Não posso adiar o amor», de António Ramos Rosa (séc. XX); o conto “José Matias”, de Eça de Queiroz (séc. XIX); a peça de teatro “Um auto de Gil Vicente”, de Almeida Garrett (séc. XIX); e o romance “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco (séc. XIX).

        No caso de “Um auto de Gil Vicente”, assistimos ao amor entre Bernardim Ribeiro e D. Beatriz. Bernardim “morre de amores” pela Infanta, que nutre o mesmo sentimento por ele. Porém, este amor enfrenta as adversidades do casamento com o Duque de Saboia, imposto pela corte.

        Concluindo, estas histórias são intemporais, já que o amor, embora possa vencer tudo (omnia vincit amor), nem sempre termina com um final feliz. Isso ensina-nos duas grandes histórias da literatura universal, tais como Tristão e Isolda e Romeu e Julieta.


Autores: Catarina Silva, Sara Nunes, Sofia P. Faustino e Domingos Lopes Gallego.

sábado, 30 de setembro de 2017

Sereno campo

Que sereno campo! Quieto cipreste!
O gado que caminha com o pastor
esquece assim o tempo agreste
desse inverno devastador.

Ao som da fome ecoam chocalhos.
Por vales e cabeços, entranha-se a melodia.
Pousam corujas nos galhos,
recolhem-se; acaba o dia...


Autores: Domingos Lopes Gallego e Sofia Faustino


quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Figurações femininas em Camões e Bocage - alguns aspetos



           Em ambos os poetas, encontramos a influência de uma figura feminina. Tomem-se como exemplos “Leda serenidade deleitosa”, onde o tema do amor se destaca, representado por Camões na estética do Classicismo, e, por sua vez, em Bocage ocorre o tema da paixão no poema “Marília, nos teus olhos buliçosos”.
Considerando os distintos séculos e as diferentes estéticas, observa-se, em Camões e em Bocage, uma semelhança quanto à forma de composição e quanto ao modo natural de expressar pensamento e sentimento, elementos intrínsecos nas suas poesias.
Ambos os autores possuíam a inquietação pelo perfeito, tanto num ponto de vista psicológico como físico, no entanto, em Camões, sobressaem as características psicológicas, existindo apenas referências físicas nos versos 3 e 4 (“entre rubis e perlas doce riso,/ debaixo d’ouro e neve, cor de rosa”). Já em Bocage, os traços físicos de Marília, (“olhos buliçosos”, (v.1); “lábios”, (v.3); “(…) cabelos subtis e luminosos”, (v.5); “dedos melindrosos”, (v.8)) complementam os aspetos relativos ao seu carácter (estrofe 3).
Apesar das semelhanças entre estes dois poetas, dos mais importantes da literatura portuguesa, por um lado, em Camões, a mulher é retratada de uma forma inocente, “moderada e graciosa” (v.5) – como uma borboleta. Por outro lado, Bocage pensa na mulher enquanto ser sensual, real, correspondente dos seus sentimentos, mas por vezes cruel – na verdade, como uma abelha.

Autoras: Catarina Silva e Sara Nunes

sábado, 1 de julho de 2017

Fernão Mendes Pinto


“Como estando nós surtos na ponta de Tilaumera, vieram por acaso ter connosco quatro lanteas de remos em que vinha uma noiva” 



Neste capítulo, é possível identificar vários traços linguísticos e específicos, tanto de Fernão Mendes Pinto como deste tipo textual descritivo. 

Esta obra contesta a atuação dos portugueses que, durante muito tempo, foi considerada uma obra "mentirosa", pouco digna de atenção e pouco credível. Pela forma como contesta e mostra o revés da expansão marítima portuguesa, os estudiosos costumam acompanhar o seu estudo com o episódio do Velho do Restelo, d'Os Lusíadas de Camões, sendo que a visão do povo português presente na Peregrinação contrasta com a presente n’Os Lusíadas. Como exemplo das anti-façanhas do herói colectivo, os navegantes portugueses, leia-se, por exemplo, o episódio da noiva, no capítulo 47.

No fundo, trata-se de um conjunto de memórias autobiográficas. Na obra “Peregrinação” o autor narra a sua vida de aventuras e desventuras e as suas viagens pelo Oriente, ao longo de 21 anos, em relatos de enorme riqueza, com descrições muito pormenorizadas dos povos, das línguas e das terras por onde passou. Estas descrições revelam uma enorme admiração e fascínio pela grandiosidade dessas civilizações, chegando mesmo a pôr na boca de personagens orientais críticas à cobiça e ambição dos mercadores e militares ocidentais. Por outro lado, no Ocidente, à época, ninguém acreditava que o Oriente fosse assim tão rico no que toca a tradições culturais. Por estes factos, o autor é acusado de exagero, tendo ficado célebre o dito popular «Fernão, Mentes? Minto!». Mas hoje é consensual o valor histórico e literário da sua obra, feita de elementos verídicos e de ficção. 

Torna-se, porém, bastante difícil distinguir nesta obra o que é produto da imaginação de aquilo que é pura história. Mendes Pinto consegue dar às narrações uma roupagem tão concreta e tão cheia de vida que tudo nos parece natural e autêntico. Durante muito tempo, pensou-se que a maioria das peripécias narradas no livro não passariam de mentira. No entanto, com a descoberta do mundo oriental, sobretudo nos nossos dias, chegou-se a uma opinião contrária. Hoje, podemos verificar a exatidão de muitas das afirmações feitas pelo escritor acerca da China e do Japão, nas quais ninguém acreditava.



Autoras: Sofia P. Faustino, Sara Nunes e Catarina Silva

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Entrevista imaginária a Daniel Radcliffe

Eu gosto muito do Daniel Radcliffe, acho que ele representa muito bem, e adoro o Harry Potter, por isso um dia gostaria de conhecê-lo e fazer-lhe uma entrevista.

- Olá! Gostava de te fazer algumas perguntas:

- Como começaste a tua carreira de ator?

   . . .

- Gostaste da experiência de fazer o filme: “ Harry Potter”?

   . . .

- A Emma Watson e o Rupert Grint são bons amigos? Eu acho que vocês formam um trio fantástico!

   . . .

- Gostas do que fazes?

   . . .

- Que outros filmes fizeste?

    . . .

- Fazes mais alguma coisa para além de seres ator?

    . . .

- O que te levou a ser ator?

    . . .

- Qual foi a atuação de que gostaste mais?

   . . .

- Ok, muito obrigado pela tua presença. Adeus e um resto de um bom dia.



Autora: Matilde Reis, 5º.A






quinta-feira, 15 de junho de 2017

Amor por um objeto

Quando tocamos no assunto do amor automaticamente o associamos a um forte sentimento que sentimos por uma pessoa. O amor tem de facto um grande poder, pois pode mudar a nossa personalidade, a nossa maneira de ser a níveis gigantescos. Mas será que podemos sentir amor por um objeto? Na minha opinião sim, pois eu próprio tenho objetos pelos quais sinto amor.

Eu sou um ginasta federado de alta competição. Treino desde os oito anos e, atualmente, chego a passar vinte e quatro horas por semana dentro de um ginásio a treinar ginástica acrobática. Desde os oito anos que estou habituado a trabalhar com paralelas, espaldares, plintos e muitos outros objetos presentes no ginásio onde eu treino diariamente.

Foi graças a este desporto e objetos que eu aprendi, evoluí e me transformei na pessoa que sou hoje.

Desta forma, o sentimento que sinto por todos os objetos presentes no ginásio onde eu treino é, sem dúvida amor, uma vez que já passei oito anos da minha vida com eles e graças aos quais sou a pessoa que sou hoje. Eu sinto que esses objetos já fazem parte da minha vida.


Autor: Tomás Lourenço

segunda-feira, 12 de junho de 2017

O amor

Recentemente, foi me colocada a seguinte questão: Poderá um ser humano enamorar-se por um objeto com a mesma intensidade que se enamoraria por outro ser humano?

Pensei e refleti um pouco e respondi que não. Decidi justificar com um argumento muito simples. Segundo a minha opinião e experiência, para um ser humano sentir uma emoção tão forte como o amor por algo ou alguém é necessário que muitos outros sentimentos sejam desencadeados por esse alguém ou objeto. Sendo que os objetos não são capazes de dar qualquer tipo de “feedback” emocional, como por exemplo a empatia ou o amor creio que não existirá algo a que chamamos de relação, neste caso, quer seja amorosa ou não.
No entanto, a pergunta refere-se á intensidade do amor não à sua existência, pois nesse caso sim, acredito que alguém se possa apaixonar por um objeto.

Concluo, assim, dizendo que não é possível que uma pessoa sinta o amor por um objeto com uma maior intensidade que por outra pessoa pelo facto de não haver empatia. 


Autor: Miguel Martinho

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Será possível amar um objeto?

A meu ver, é possível alguém apaixonar-se por um objeto, pois este transporta consigo não só uma beleza, que é algo bastante subjetivo por si só, como também todo um conjunto de simbolismos que nos levam a uma sensação de afeto e paixão por este.

O amor, como se diz bastante popularmente, não é preto no branco, existe o cinzento. E dentro deste cinzento existe também uma extensa variedade de outros tons. Esta analogia, utilizando como exemplo as cores, pode, na minha opinião, ser uma boa metáfora para explicar o que é o amor, dado que este pode assumir várias formas: amor de família; amor de amigos; amor pelo companheiro; amor pela natureza; amor pela música; e também amor um por um objeto, e não só.

É, de facto, possível apaixonarmo-nos por um objeto, visto que este pode ter surgido num momento bastante marcante da nossa vida e que, consequentemente, irá sempre carregar um grande significado e amor consigo.



Autora: Patrícia Reduto

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Antologia de poemas de amor da Literatura Portuguesa

Esta antologia foi feita por nós, alunos de Literatura Portuguesa do 10º ano.

Ao abordar o amor, estes poetas integram-se numa tradição da Literatura Portuguesa.

Esta antologia, de textos marcados pela afetividade, deriva de uma pesquisa sobre a presença deste tema na obra dos autores nacionais. Nela incluem-se textos exclusivamente do género lírico, mas de épocas e autores distintos.

A organização desta coletânea segue um critério cronológico, começando com algumas cantigas de amigo e de amor medievais, que nos transportam do Século XIII ao Século XXI.  



                     



Realizado por: Sofia P. Faustino, Catarina Silva, Sara Nunes e Domingos Lopes Gallego;
Coordenação: António José Borges


quarta-feira, 17 de maio de 2017

Temática do amor na lírica camoniana

        Nos textos de Camões é frequente a referência ao amor, à saudade, ao destino, à beleza suprema, aos ensinamentos morais, sociais e filosóficos, à mulher vista à luz do petrarquismo e do dantismo, a sensualidade, a experiência da vida. No entanto, a nível temático, o amor é visto como um serviço que transporta o enamorado a um estado de elevação. O amor pode não só provocar, no jovem apaixonado, o gosto na dor, como também conduzi-lo à luta entre a razão e o desejo ou à perturbação emocional perante a amada, como é muito frequente na lírica camoniana.

        Um dos poetas que mais influenciou Camões na sua poesia foi o poeta e humanista italiano Petrarca. O petrarquismo é uma atitude tomada pelo poeta perante a mulher amada. Esta é vista como fonte de perfeição moral, despertando nele uma espécie de amor platónico. A mulher é idealizada, é bela, imaculada, perfeita e, portanto, inalcançável. Ora, o poeta desabafa as suas mágoas à solidão da natureza, que se torna o reflexo dos estados de alma do poeta e, ao mesmo tempo, sua confidente. A influência petrarquista faz com que Camões busque o isolamento e a antecipação do sofrimento no amor. Para demonstrar o seu estado de sofrimento, o poeta utiliza um certo verbalismo, nomeadamente as frases exclamativas abundantes, as personificações, as antíteses e as apóstrofes.

        Em suma, as temáticas tradicionais e populares usadas por Camões são o amor, a natureza e a saudade. Nas temáticas de influência Renascentista cultivou o amor platónico, a saudade, o destino, a beleza suprema, a mudança, o desconcerto do mundo e a mulher vista à luz do Petrarquismo.



Escrito por: Catarina Silva e Sofia P. Faustino

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Algumas considerações sobre o poema "Endechas ou canção da diferença"

De Bárbara outro poema outra palavra
Senhora nossa que não tem senhor 

De Bárbara a diferença que faltava 
E nunca mais na língua uma só cor

De Bárbara o ser só ela sendo a outra 
Senhora nossa santa pretidão 

Antes de Bárbara Europa era tão pouca 
Cativos somos nós Bárbara não

ALEGRE, Manuel, 2000. Obra Poética. Lisboa: Dom Quixote 



        Este poema de Manuel Alegre, classificado como uma Endecha está de acordo com a medida velha e as estrofes (voltas) são oitavas divididas em quadras. Estas são as características necessárias para que o texto seja uma Endecha.

          Este texto é uma glosa feita por este autor ao poema "Aquela cativa", de Luís de Camões.

        No que toca ao verso “Senhora nossa que não tem senhor”(v.2) podemos observar que este se inspira no poema “Endechas” de Luís de Camões, mais concretamente nos versos “para ser senhora / de quem é cativa.” (Vv.21,22), em que ambos destacam a supremacia da beleza de Bárbara sobre aqueles que por ela se apaixonam.É através desta contradição de conceitos que podemos justificar o acrescento “canção da diferença”, feito por Manuel Alegre ao título do seu poema.

        Em ambos os poemas (de Luís de Camões e Manuel Alegre) é referida Bárbara, a amada, que era totalmente díspar do conceito de beleza da época. Bárbara era negra, tinha cabelo preto, olhos escuros e era uma cativa (escrava), no entanto o conceito de beleza da época caracterizava-se por cabelo loiro, tez nívea, olhos claros e teria de pertencer a uma classe social alta.

        Deste modo, constatamos que estes poemas que lhe são dedicados, procuram elogiar a diferença da mesma face aos modelos clássicos de beleza.


Escrito por: Domingos Lopes Gallego e Sara Nunes

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Escrita sobre a Literatura

Linhas fundamentais do poema “Aquela cativa”, de Luís de Camões.     

        Estamos perante a composição poética “Aquela cativa”, de Luís de Camões, que aborda a temática do amor e da descrição da mulher amada.

        Este poema não está sujeito a mote, no entanto apresenta uma dedicatória que nos retrata Bárbara, uma escrava (“cativa”) que Camões conheceu na Índia, revelando-nos assim o caracter autobiográfico deste texto. O poema começa com um trocadilho, “cativa” e “cativo”, que nos remete para a escravidão amorosa do sujeito poético. Se por um lado Bárbara é escrava socialmente, por outro o sujeito poético também é escravo do seu amor.

          Ao longo desta composição poética, é possível observar vários traços físicos e psicológicos da mulher amada. Camões recorre ao uso da hipérbole para descrever a delicadeza de Bárbara, comparando-a a uma rosa (“Eu nunca vi rosa/ em suaves molhos,/ que para meus olhos/ fosse mais fermosa” vv. 7-10). De seguida, o sujeito poético compara as flores e as estrelas com a sua amada, que sai beneficiada de tal comparação, apresentando características superiores à natureza (“Nem no campo flores,/ nem no céu estrelas/ me parecem belas/ como os meus amores” vv. 11-14). Com a expressão “Rosto singular” (v.15) pretende-se transmitir que o rosto da amada não é um rosto banal, é singular, diferente e único, ou seja, não corresponde aos padrões habituais. Na expressão “Olhos sossegados” (v.16) os olhos são apresentados como um espelho da alma, neste caso “sossegados”, pois Bárbara é apresentada como calma e serena. Mas logo de seguida surgem características que se opõem ao modelo de beleza petrarquista, “pretos e cansados” (v.17), ou seja, olhos escuros e doridos do trabalho como escrava. Já no verso “Mas não de matar” joga-se com as palavras e refere-se que Bárbara está cansada, porém não de matar por amor, sedução e paixão, mas sim pelo trabalho duro. 
        
         De seguida, é feito o reforço da graciosidade da mulher, “Ua graça viva, (…) ” (v.19). Mais uma vez, joga-se com as palavras “senhora” e “cativa”, reforçando a ideia de que apesar de ser escrava é senhora dos corações apaixonados (“Para ser senhora/ de quem é cativa” vv. 21 e 22). Depois, é feita uma referência à opinião do povo perante esta beleza incomum e fora dos padrões da sociedade (“onde o povo vão/ perde opinião/que os louros são belos” vv. 24-26). O “povo vão” corresponde à opinião geral e pouco acertada de que os cabelos louros são belos, sendo que a escrava contrária o modelo de mulher renascentista pelas suas características físicas que fogem ao pré-estabelecido: loira, olhos claros e pele branca. Por outro lado, a sua serenidade, sensatez e calma já se inscrevem nesse modelo.

        Em suma, nesta composição poética o sujeito lírico constrói um elogio à beleza da amada, servindo-se de um discurso encomiástico.


Escrito por: Catarina Silva e Sofia P. Faustino