quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Aproximações entre duas cantigas de amigo


Analisando os dois poemas apresentados (“Pois nossas madres vam a San Simon”, de Pero de Viviãez (Séc. XII) e “Fui eu, fremosa, fazer oraçon” de Afonso Lopes de Baião (Séc. XII) ), é possível notar que têm muito em comum. Como se poderão interligar? Primeiramente, vemos o significado do primeiro texto por si só ­­– esta cantiga de romaria trata de um grupo de moças que vão a uma celebração religiosa, não pelo sagrado, mas para bailar, sem véu, perante os namorados. É este o contraste de um tema profano combinado com o sagrado. 


Formalmente, cada cobla possui quatro versos e é seguida por um refrão dístico. Cada verso é decassilábico.

Vejamos agora o segundo poema – este fala-nos, desta vez, de uma só moça. Esta, de novo, encontra-se numa celebração religiosa, não estando lá para orar por si mesma, mas sim pelo seu amado, que não se encontrou com ela como haviam combinado. 

Formalmente, esta cantiga mostra-se exatamente igual à primeira (coblas de quatro versos decassilábicos, seguidas por um refrão dístico).

Assim, facilmente imaginamos que uma cantiga se passe, temporalmente, imediatamente após a outra – pensando no grupo de meninas que no festival se encontraram com os amados, uma delas ficando de parte, por falta de presença do amigo, rezando para que tudo esteja bem com este. 

Estas histórias, individual ou conjuntamente, mostram-nos fielmente o registo de alguns hábitos do povo no seu dia-a-dia durante a época medieval. 



Autores: Francisco Grilo e Guilherme Magalhães.

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