João Batista da Silva Leitão (mais tarde de Almeida Garrett) nasceu no Porto, em 1799. Aí passou a infância, num caloroso ambiente burguês que lhe deixaria boas recordações. Aos 10 anos parte com a família para os Açores, onde inicia a sua formação literária sob a tutela do tio Frei Alexandre da Sagrada Família, bispo de Angra.
Ancorada no tempo histórico do Liberalismo, a obra literária garrettiana não pode conceber-se alheada do contexto político e cultural que a motivou. Da mesma circunstância decorre a orientação ‘iluminista’ e eticamente empenhada que desde o início do seu trajeto literário revestiu, por entender que «o poeta é também cidadão».
A poesia lírica e narrativa dominaria a primeira fase da sua carreira, ainda oscilante entre a lição do neoclassicismo convencional e a nova corrente romântica, de inspiração nacionalista.
A fase da maturidade (década de 40, sobretudo) seria particularmente fecunda, do ponto de vista literário. Surgem nesta altura as obras maiores do autor, abrangendo, com notável versatilidade, a lírica, a narrativa e o drama.
O autor também foi importante para o teatro português, participando de forma política e como dramaturgo. A construção do Teatro Nacional de D. Maria II, na época Teatro Normal, assim como a fundação do Conservatório de Arte Dramática, foram sugestões de Garrett. Garrett atribuía ao Teatro uma alta função civilizadora, e empenhou-se intensamente na sua renovação. Queria uma produção nacional de qualidade, suscetível de elevar o gosto e a cultura do público. A poesia lírica conhece também uma renovada inspiração. Das duas coletâneas poéticas desta fase – Flores sem Fruto (1845) e Folhas Caídas (1853), a última é sem dúvida a mais interessante, e onde mais livremente se expande o individualismo romântico. Aos temas mais convencionais – a divisão interior, a dialética mundo/espírito, o apelo de um idealismo transcendente (O Amor, A Perfeição, Deus, como absolutos da inquieta alma poética) –, acrescenta-se uma nova e ousada expressão do amor, epitomizada no famoso verso «Não te amo, quero-te!».
Almeida Garrett foi, assim, o escritor que deu início ao romantismo em Portugal. Um dos autores mais importantes da literatura do país, teve intensa atuação também na vida política. Com ideais liberais, lutou contra o absolutismo e foi exilado mais de uma vez. Como muitos escritores, utilizou o jornalismo para transmitir as suas ideias.
Quanto ao estilo, a sua linguagem é simples e expressiva, rejeitando a retórica clássica. Assistimos a uma parateatralidade, visível num tom coloquial coralizante e no recurso abundante a vocativos e interjeições. Note-se ainda uma marcada influência da lírica medieval e da poesia tradicional. Há uma liberdade formal, através da irregularidade estrófica, de acordo com o ritmo emotivo, e uma variedade de metros, inclusivamente no mesmo poema.
Trabalho realizado por: Catarina Silva e Sara Nunes
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