quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Projeto de Leitura Expressiva de Duas Cantigas de Amigo

Os alunos de Literatura Portuguesa do 10º ano decidiram declamar duas cantigas de amigo do século XII, sendo estas "Venho-vos rogar" e "O que queredes bem". Eis as mesmas, seguidas da dita declamação:


Venho-vos rogar

Mha madre, venho-vos rogar
como roga filh´a senhor
o que morre por mi d’ amor
leixade-m’ ir co[n] el falar;
quanta coita el sigo ten
sei que toda lhi por mi ven.

E sodes desmesurada,
que vos non non queredes doer
do meu amigo, que morrer
vejo e and ´ eu coitada;
quanta coita el sigo ten
sei que toda lhi por mi ven.

Vee-lo-ei, per bõa fé,
e direi-lhi tan gran prazer
per que el dev’a guarecer
poi’-lo seu mal cedo meu é
quanta coita el sigo ten
sei que toda lhi por mi ven.

                oje se parte’ o coraçon!

D. Affonso Meendez de Beesteiros (Século XII)


O que queredes bem

Filha, o que queredes ben
partiu-s ‘ agora d´ aquen
e non vos quiso veer;
e ides vós ben querer
a quen vos nos quer veer?

Filha, que mal baratades[1]
que o, sen meu grad´, amades,
pois que vos non quer veer;
e ides vós ben querer
a quen vos nos quer veer?

Por esto lhi quer’ eu mal,
mha filha, e non por al,
porque vos non quis veer;
e ides vós ben querer
a quen vos nos quer veer?

Andades por el chorando,
e foi ora a San Servando[2]
e non vos quiso veer;
e ides vós ben querer
a quen vos nos quer veer?

Joan Servando (Século XII)



[1]  Procedeis;
[2]  Basílica em Toledo.~





Autores: Diogo Vicente; Francisco Grilo; Guilherme Magalhães; Maria Garcia

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Aproximações entre duas cantigas de amigo


Analisando os dois poemas apresentados (“Pois nossas madres vam a San Simon”, de Pero de Viviãez (Séc. XII) e “Fui eu, fremosa, fazer oraçon” de Afonso Lopes de Baião (Séc. XII) ), é possível notar que têm muito em comum. Como se poderão interligar? Primeiramente, vemos o significado do primeiro texto por si só ­­– esta cantiga de romaria trata de um grupo de moças que vão a uma celebração religiosa, não pelo sagrado, mas para bailar, sem véu, perante os namorados. É este o contraste de um tema profano combinado com o sagrado. 


Formalmente, cada cobla possui quatro versos e é seguida por um refrão dístico. Cada verso é decassilábico.

Vejamos agora o segundo poema – este fala-nos, desta vez, de uma só moça. Esta, de novo, encontra-se numa celebração religiosa, não estando lá para orar por si mesma, mas sim pelo seu amado, que não se encontrou com ela como haviam combinado. 

Formalmente, esta cantiga mostra-se exatamente igual à primeira (coblas de quatro versos decassilábicos, seguidas por um refrão dístico).

Assim, facilmente imaginamos que uma cantiga se passe, temporalmente, imediatamente após a outra – pensando no grupo de meninas que no festival se encontraram com os amados, uma delas ficando de parte, por falta de presença do amigo, rezando para que tudo esteja bem com este. 

Estas histórias, individual ou conjuntamente, mostram-nos fielmente o registo de alguns hábitos do povo no seu dia-a-dia durante a época medieval. 



Autores: Francisco Grilo e Guilherme Magalhães.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Visita ao Museu Nacional do Teatro e da Dança

No dia 24 de outubro de 2017, os alunos de Literatura Portuguesa de 10º e 11º ano do Colégio Pedro Arrupe deslocaram-se até ao Museu Nacional do Teatro e da Dança e ao Parque Botânico, gerido pelo Museu Nacional do Traje, no âmbito da disciplina. 

Acompanhados pela guia Dra. Olga Monteiro, foi-nos feita uma alusão à história do Palácio do Monteiro-Mor, iniciando assim a visita ao museu. Ao entrar no edifício, deparamo-nos logo com a presença de Almeida Garrett através da palavra “Ninguém.”, presente num momento fulcral da sua obra Frei Luís de Sousa

Durante a visita destacamos inúmeros momentos. Em primeiro lugar, foram mostrados figurinos de bailados, sendo o de maior realce o do “Lago dos Cisnes”.

Em segundo lugar, encontrámos o cadeirão de Garrett, que se mostrava imponente e repleto de uma aura histórica. Sentados a redor deste, a guia apresentou-nos várias fotografias e documentos do arquivo geral do teatro, dando-nos a conhecer uma faceta diferente de Garrett. 

Em terceiro lugar, ao prosseguir com a visita, visitámos uma sala onde estavam presentes figurinos, entre eles os de Shakespeare e os de D. Inês e D. Pedro.

Por último, passeámos no jardim do parque Botânico, onde lemos poemas da obra Folhas Caídas, de Almeida Garrett.

Concluindo, esta visita demonstrou-se proveitosa, graças à especial atenção da Dra. Olga Monteiro e dos vários assistentes, que se mostraram prestáveis. No entanto, não devemos desvalorizar o parque, pois este também merece atenção.


Escrito por: Catarina Silva, Domingos Lopes Gallego, Sara Nunes e Sofia P. Faustino.



quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Alguns aspetos sobre a cantiga de peregrinação

Na cantiga de amigo “Pois nossas mães van a San Servando” de Pero de Viviãez (Séc. XII), o grupo de donzelas procurava o lado mais profano de festa, arranjando encontros com os seus amados. Esta cantiga de romaria mistura o sagrado, devido ao facto de estarem a participar num ato religioso, e o profano, pois não estão tão dedicadas como suas mães. 

No entanto, em “Fui eu fremosa fazer oraçon”, de Afonso Lopes de Baião (Séc. XII), o sujeito lírico foi fazer uma oração pelo seu amado que porventura não apareceu no encontro que supostamente iriam ter.

Enquanto na primeira cantiga os amados comparecem e dançam com as donzelas, alegremente, em “Fui eu, fremosa, fazer oraçon” a donzela está a sofrer, pois o seu amado não apareceu no encontro, fazendo com que esta o considere um “traidor”.

Concluindo, apesar de ambas as cantigas serem de peregrinação, o seu desfecho é diferente e os sentimentos são opostos, isto é, enquanto o grupo de donzelas estavam divertidas com os amados, a outra reza e chora pelo seu amigo que a “traiu”.

Estas cantigas apresentam uma realidade da época que ainda se prolonga até aos dias de hoje, utilizando as romarias não como uma celebração religiosa, mas sim como uma festa mais social.


Autores: Maria Garcia e Diogo Vicente