Que sereno campo! Quieto cipreste!
O gado que caminha com o pastor
esquece assim o tempo agreste
desse inverno devastador.
Ao som da fome ecoam chocalhos.
Por vales e cabeços, entranha-se a melodia.
Pousam corujas nos galhos,
recolhem-se; acaba o dia...
Autores: Domingos Lopes Gallego e Sofia Faustino
sábado, 30 de setembro de 2017
quarta-feira, 27 de setembro de 2017
Figurações femininas em Camões e Bocage - alguns aspetos
Em ambos os poetas, encontramos a
influência de uma figura feminina. Tomem-se como exemplos “Leda serenidade deleitosa”, onde o tema do amor se
destaca, representado por Camões na estética do Classicismo, e, por sua vez,
em Bocage ocorre o tema da paixão no poema “Marília, nos teus olhos
buliçosos”.
Considerando
os distintos séculos e as diferentes estéticas, observa-se, em Camões e em Bocage,
uma semelhança quanto à forma de composição e quanto ao modo natural de
expressar pensamento e sentimento, elementos intrínsecos nas suas poesias.
Ambos os
autores possuíam a inquietação pelo perfeito, tanto num ponto de vista
psicológico como físico, no entanto, em Camões, sobressaem as características
psicológicas, existindo apenas referências físicas nos versos 3 e 4 (“entre rubis
e perlas doce riso,/ debaixo d’ouro e neve, cor de rosa”). Já em Bocage, os
traços físicos de Marília, (“olhos buliçosos”, (v.1); “lábios”, (v.3); “(…)
cabelos subtis e luminosos”, (v.5); “dedos melindrosos”, (v.8)) complementam os
aspetos relativos ao seu carácter (estrofe 3).
Apesar das semelhanças
entre estes dois poetas, dos mais importantes da literatura portuguesa, por um
lado, em Camões, a mulher é retratada de uma forma inocente, “moderada e
graciosa” (v.5) – como uma borboleta. Por outro lado, Bocage pensa na mulher
enquanto ser sensual, real, correspondente dos seus sentimentos, mas por vezes
cruel – na verdade, como uma abelha.
Autoras: Catarina Silva e Sara Nunes
Autoras: Catarina Silva e Sara Nunes
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