terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Conto: A menina dos fósforos

Estava tanto frio! A neve não parava de cair e a noite aproximava-se. Aquela era a última noite de Dezembro, véspera do dia de Ano Novo. Perdida no meio do frio intenso e da escuridão, uma pobre rapariguinha seguia pela rua fora, com a cabeça descoberta e os pés descalços. É certo que ao sair de casa trazia um par de chinelos, mas não duraram muito tempo, porque eram uns chinelos que já tinham pertencido à mãe, e ficavam-lhe tão grandes, que a menina os perdeu quando teve de atravessar a rua a correr para fugir de um trem. Um dos chinelos desapareceu no meio da neve, e o outro foi apanhado por um garoto que o levou, pensando fazer dele um berço para a irmã mais nova brincar.



Por isso, a rapariguinha seguia com os pés descalços e já roxos de frio; levava no avental uma quantidade de fósforos, e estendia um maço deles a toda a gente que passava, apregoando: — Quem compra fósforos bons e baratos? — Mas o dia tinha-lhe corrido mal. Ninguém comprara os fósforos, e, portanto, ela ainda não conseguira ganhar um tostão. Sentia fome e frio, e estava com a cara pálida e as faces encovadas. Pobre rapariguinha! Os flocos de neve caíam-lhe sobre os cabelos compridos e loiros, que se encaracolavam graciosamente em volta do pescoço magrinho; mas ela nem pensava nos seus cabelos encaracolados. Através das janelas, as luzes vivas e o cheiro da carne assada chegavam à rua, porque era véspera de Ano Novo. Nisso, sim, é que ela pensava.

Sentou-se no chão e encolheu-se no canto de um portal. Sentia cada vez mais frio, mas não tinha coragem de voltar para casa, porque não vendera um único maço de fósforos, e não podia apresentar nem uma moeda, e o pai era capaz de lhe bater. E afinal, em casa também não havia calor. A família morava numa água-furtada, e o vento metia-se pelos buracos das telhas, apesar de terem tapado com farrapos e palha as fendas maiores. Tinha as mãos quase paralisadas com o frio. Ah, como o calorzinho de um fósforo aceso lhe faria bem! Se ela tirasse um, um só, do maço, e o acendesse na parede para aquecer os dedos! Pegou num fósforo e: Fcht!, a chama espirrou e o fósforo começou a arder! Parecia a chama quente e viva de uma candeia, quando a menina a tapou com a mão. Mas, que luz era aquela? A menina julgou que estava sentada em frente de um fogão de sala cheio de ferros rendilhados, com um guarda-fogo de cobre reluzente. O lume ardia com uma chama tão intensa, e dava um calor tão bom! Mas, o que se passava? A menina estendia já os pés para se aquecer, quando a chama se apagou e o fogão desapareceu. E viu que estava sentada sobre a neve, com a ponta do fósforo queimado na mão.

Riscou outro fósforo, que se acendeu e brilhou, e o lugar em que a luz batia na parede tornou-se transparente como tule. E a rapariguinha viu o interior de uma sala de jantar onde a mesa estava coberta por uma toalha branca, resplandecente de loiças finas, e mesmo no meio da mesa havia um ganso assado, com recheio de ameixas e puré de batata, que fumegava, espalhando um cheiro apetitoso. Mas, que surpresa e que alegria! De repente, o ganso saltou da travessa e rolou para o chão, com o garfo e a faca espetados nas costas, até junto da rapariguinha. O fósforo apagou-se, e a pobre menina só viu na sua frente a parede negra e fria.

E acendeu um terceiro fósforo. Imediatamente se encontrou ajoelhada debaixo de uma enorme árvore de Natal. Era ainda maior e mais rica do que outra que tinha visto no último Natal, através da porta envidraçada, em casa de um rico comerciante. Milhares de velinhas ardiam nos ramos verdes, e figuras de todas as cores, como as que enfeitam as montras das lojas, pareciam sorrir para ela. A menina levantou ambas as mãos para a árvore, mas o fósforo apagou-se, e todas as velas de Natal começaram a subir, a subir, e ela percebeu então que eram apenas as estrelas a brilhar no céu. Uma estrela maior do que as outras desceu em direcção à terra, deixando atrás de si um comprido rasto de luz.

«Foi alguém que morreu», pensou para consigo a menina; porque a avó, a única pessoa que tinha sido boa para ela, mas que já não era viva, dizia-lhe muita vez: «Quando vires uma estrela cadente, é uma alma que vai a caminho do céu.»

Esfregou ainda mais outro fósforo na parede: fez-se uma grande luz, e no meio apareceu a avó, de pé, com uma expressão muito suave, cheia de felicidade!

— Avó! — gritou a menina — leva-me contigo! Quando este fósforo se apagar, eu sei que já não estarás aqui. Vais desaparecer como o fogão de sala, como o ganso assado, e como a árvore de Natal, tão linda.

Riscou imediatamente o punhado de fósforos que restava daquele maço, porque queria que a avó continuasse junto dela, e os fósforos espalharam em redor uma luz tão brilhante como se fosse dia. Nunca a avó lhe parecera tão alta nem tão bonita. Tomou a neta nos braços e, soltando os pés da terra, no meio daquele resplendor, voaram ambas tão alto, tão alto, que já não podiam sentir frio, nem fome, nem desgostos, porque tinham chegado ao reino de Deus.

Mas ali, naquele canto, junto do portal, quando rompeu a manhã gelada, estava caída uma rapariguinha, com as faces roxas, um sorriso nos lábios… mor ta de frio, na última noite do ano. O dia de Ano Novo nasceu, indiferente ao pequenino cadáver, que ainda tinha no regaço um punhado de fósforos. — Coitadinha, parece que tentou aquecer-se! — exclamou alguém. Mas nunca ninguém soube quantas coisas lindas a menina viu à luz dos fósforos, nem o brilho com que entrou, na companhia da avó, no Ano Novo.

Video: http://videos.sapo.tl/zrZ6QWPzNPkcmFb65viJ

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Sugestões de Filmes

Hans Christian Andersen - My Life as a Fairy Tale 


"Hans Christian Andersen era um jovem e tinha como ambição conquistar a cidade de Amsterdão. Com os seus pertences nas mãos, coragem de deixar a mãe e muita imaginação, ele partiu. Dos seus sonhos surgiram as mais belas histórias infantis, contos de fada que tornaram-se clássicos: A Pequena Sereia , O Patinho Feio , Soldadinho de Chumbo , entre outras que o fizeram conquistar o mundo."

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Espólio de José Saramago será doado à Biblioteca Nacional de Portugal

O espólio do escritor português José Saramago vai ser doado no dia 10 à Biblioteca Nacional (BNP), cumprindo-se uma vontade do Nobel da Literatura, revelou à agência Lusa a Fundação José Saramago.

Em comunicado, a fundação refere que esta será uma doação "sem contrapartidas financeiras", ficando a BNP responsável pelo "tratamento, conservação e disponibilização para investigadores".

"Para aqueles a quem cabe continuar José Saramago, família e fundação, esta era a sua vontade e será respeitada", afirmou Pilar del Río, presidente da fundação, no comunicado enviado à Lusa.
A sessão formal de doação acontece no dia 10, com as presenças do primeiro-ministro português, António Costa, e do ministro da Cultura português, Luís Filipe Castro Mendes, no dia em que se cumprem 18 anos da entrega do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago e em que se assinala o
Dia Internacional dos Direitos Humanos.

"O espólio podia ter sido vendido a instituições privadas, mas fica em Portugal tornando os portugueses, de alguma forma, seus herdeiros. Trata-se dos materiais que constituem a oficina de um escritor", sublinha a fundação.

A entidade não especifica se será doado todo o espólio de Saramago, referindo-se apenas que o autor já tinha entregue à BNP alguns documentos, entre eles o original do romance "O ano da morte de Ricardo Reis" e o diploma do Nobel da Literatura.

É na Fundação José Saramago, criada em 2007, que está depositado atualmente o espólio do escritor português e que inclui todas as obras, discursos, diplomas, correspondência e uma biblioteca com mais de 20 mil títulos.

Presidida por Pilar del Río, a fundação tem sede em Lisboa e delegações na aldeia da Azinhaga (Golegã), onde Saramago nasceu, e em Lanzarote (Espanha), onde viveu.

Em 2007, o escritor redigiu a carta de princípios da fundação, sublinhando que esta devia assumir "nas suas atividades, como norma de conduta, tanto na letra como no espírito, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada em Nova Iorque no dia 10 de dezembro de 1948".

José Saramago, autor de romances como "Memorial do convento", "O evangelho segundo Jesus Cristo", "Levantado do chão" e "Jangada de pedra", traduzido em mais de 40 línguas, morreu aos 87 anos, a 18 de junho de 2010.

Fonte: http://estudante.sapo.tl/artigos/artigo/espolio-de-jose-saramago-sera--381896.html

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Diário de Escárnio e Maldizer

29 de Janeiro de 1230

Rogou-me hoje Dom Airas que meu conselho lhe desse.
E eu, pois que sempre a este meu amigo conselh’o milhor, lhe disse que vá morar longe de mim, muito a meu grado!
Afirmarei publicamente, ora para todos veerem que, por ser mentiroso e possuidor de poucas qualidades, deve ir para longe de mim, com meu grado!
Acredite ele, amigo, que com meu conselho não ficará peior, acredite em mim, pois que mentiroso não sou, como vossemecê. Conselho vos dou d’amigo, e sei que se vós o fazerdes e me d’aquesto creverdes, favor a todos nós fazes por ires morar longe daqui, e mui com meu grado!
Meu caro amigo, pois no dia em que me mentiu perdeu mia amizade, e a ele lhe digo então: que tu e as tuas mentiras vão morar longe de mim, muito a meu grado. 

                        
                                                                                             El rei, Afonso X


terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Sugestões de Leitura:

História da Beleza 

Género: Artes e História
Autor: Umberto Eco

"O livro é, desde já, um mais que provável best-seller, com a sua tradução já preparada em 14 línguas, um excelente formato editorial e uma sobrecapa irresistível, de onde a Leonor de Toledo pintada por Bronzino nos olha com a pose distante e inatingível do tempo e distância que dela nos separam. [...] Este livro conta o modo como os homens e as mulheres consideram o belo através dos tempos. [...]"


História do Feio 

Género: Artes e História
Autor: Umberto Eco

"História do Feio vem na sequência do anterior - História da Beleza. Aparentemente, beleza e fealdade são conceitos que mutuamente se exigem: habitualmente entende-se a fealdade como o oposto da beleza, de modo que bastaria definir a primeira para se saber o que é a outra. Mas as diversas manifestações do feio através dos séculos são mais ricas e imprevisíveis do que comummente se julga."



És bonito sejas como fores

És bonito sejas como fores
negro ou branco não interessa
és uma pessoa especial
acredita na tua aparência.

Tu és único no mundo
o futuro é todo teu
vai em frente e não desistas
ouve este conselho meu.


Autores: Grupo do Tomás Catita e do Pedro Afonso, 5.º C





domingo, 4 de dezembro de 2016

A beleza

Ninguém é perfeito;
Nem por fora nem por dentro;
Mas não interessa os nossos defeitos;
Mas sim as nossas qualidades.

A beleza está no nosso coração;
Mas não no nosso olhar.
Podemos acrescentar as nossas qualidades,
e expulsar o que de nós há de mal.


Autores: Grupo do Tomás Pereira e Inês Tavares, 5.ºA

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

A floresta e os seus segredos

Numa noite chuvosa,
Uma raposa adormecida,
Em sua caverna verde como seus olhos,
Acorda e sai de casa, divertida.

Mas quando se apercebe,
De sua casa longe está,
Muito preocupada,
Tenta voltar a casa,
Mas o caminho não encontra.

Muito assustada, a raposinha,
Encontra um mocho sábio,
Que lhe disse que não tarda nada
Irá haver uma grande chuvada.

A raposinha tenta procurar abrigo,
Mas, tarde de mais,
Tentando enfrentar o perigo,
Cai no chão, desmaiada.

Então veio uma rapariga,
Com um ar preocupado,
Pois avisou
Que estava a tirar o mestrado.

Encontra a raposinha e exclama,
De espanto:
- Oh querida raposinha
O que te foi acontecer?

E, correndo muito depressa,
Vai para casa com pressa,
Entretanto a raposinha acorda
E começa a chorar.

A menina depressa a sua casa a foi entregar.
Com seu pai e sua mãe,
Feliz foi ficar,
E está na hora da história terminar.


Autores: Matilde Reis e Laura Gato. 5.ºA

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O melhor dia

Sonho invulgar com
a mulher dos meus sonhos
quem me dera a
mim a encontrar

De inicio só
a queria para mim
mas depois é que
então percebi

O amor é lindo
quando acontece
mas não podemos
deixar que ele se aprece

O meu sonho
tornou-se realidade
como um anjo
no lago da liberdade

Não a deixei partir
fui injusto e egoísta
mas não me apercebi
e continuei a ir por ali
afinal o amor é assim



Autores: Francisco e Rodrigo, 5.ºB

Dicionário Criativo

Luz: coisa brilhante que dissolve, afasta e assusta o medo.



Autora: Matilde Reis, 5.º A

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Non veio, madre

Non veio, madr’, o meu amigo,
será que mentiu do que pôs comigo?
        ai, madre, non acredito!

Non veio, madr’, o meu amado,
será que mentiu do que mh-á jurado?
        ai, madre, non acredito!

Será que mentiu do que pôs comigo?
por que mentiu o desmentido?
        ai, madre, non acredito!

Será que mentiu do que mh-á jurado?
porque mentiu o perjurado?
        ai, madre, non acredito!

Porque mentiu o desmentido?
como foi ele capaz disto?
        ai, madre, non acredito!

Será que mentiu do que mh-á jurado?
são as aves que cantam errado?
        ai, madre, non acredito!


Sara Nunes, 10.ºC

Dicionário Criativo

Borracha: Objeto que apaga quase todo os erros 
Autor: João Ponte, 10.ºA4D

Carro: Um teletransportador avariado porque é muito lento. 
Autora: Filipa Santos, 10.ºA4D


A temática amorosa nas cantigas de amor


Amor: Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atracção. 

      O amor é um sentimento frequente na literatura medieval, que se caracteriza por uma relação de vassalagem entre o cavaleiro e a “senhor”. Tanto nas cantigas de amigo como de amor, este elemento está sempre presente.
      Neste caso, nas cantigas de amor assistimos ao “amor cortês”, isto é, à “inversão das relações normais”, pois neste jogo amoroso serve a dama e o eu enunciador vive “ajoelhado diante dela”, o que significa que nesta postura se encontram traduzidas as atitudes que regulavam a subordinação do vassalo ao seu senhor.
      Tome-se como exemplo a cantiga “Que soidade de mha senhor ei”, previamente estudada em aula, onde está retratado este tipo de amor de forma dramática, sendo que o sujeito poético pede a Deus que o deixe ver a sua “senhor”, dizendo que se não a voltar a ver irá “morrer con pesar”. Assistimos também à presença do amor platónico, alimentado pela erótica da contemplação, isto é, baseado na memória e no olhar (“que mha leixe, se lhi prouguer, veer” v.6).
      Assim, podemos concluir que o amor, apesar de não ser vivido da forma mais comum, está sempre presente como elemento fundamental.



Autoras: Catarina Silva, Sara Nunes e Sofia P. Faustino, 10.ºC

Poemas de Amor

366 Poemas Que Falam de Amor
Escolhidos por Vasco Graça Moura

Editor: Quetzal Editores
Idioma: Português


"Poemas que nunca se esquecem. Por amor."




segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O poder do Amor

Era só um pequeno amor
Mas ainda a começar
Uma linda flor
Prestes a desabrochar.

O tempo foi passando
E o amor a crescer
O meu coração acelerando
Não parava de bater.

O amor envelhecendo
E a minha vida também
Estaremos sempre juntos
Como tu não há ninguém.

Autores: Leonor, Gonçalo, Matilde e Mariana 5.ºB

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A minha primeira amizade

Era uma vez um menino chamado José Saramago que vivia sozinho numa floresta. Como não tinha amigos com quem brincar distraía-se a ler livros. À noite sonhava que um dia iria à lua.
Os anos passaram e o menino como tinha muita imaginação construiu um foguetão para ir à lua.
Quando chegou à lua a primeira coisa que viu foi um rato a comer um queijo.
Na lua, como os animais falavam, ele conseguiu fazer a sua primeira amizade.

Beatriz Nascimento 5º C

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Leonard Cohen faleceu

O músico e poeta canadiano Leonard Cohen, que morreu aos 82 anos, deambulou pelo mundo dentro da sua melancolia e emergiu como uma voz sublime e espiritual da sua geração.
A morte do músico foi anunciada na quinta-feira (hoje em Lisboa) pelo seu agente, através da página de Facebook do músico.
"É com profunda tristeza que informamos que o poeta, compositor e artista lendário Leonard Cohen morreu", escreveu o seu agente na página do Facebook do músico.
"Perdemos um dos visionários mais prolíficos e respeitados do mundo da música", refere o comunicado.
O músico festejou a 21 de setembro os seus 82 anos com um novo álbum, "You Want It Darker", o 14.º da sua carreira, no qual refletia sobre sua própria mortalidade e, com a sua voz grave, interrogava-se sobre a natureza do homem e de um Deus todo-poderoso.
Ainda no mês passado, o músico e poeta aplaudiu a atribuição do Nobel da Literatura a Bob Dylan e considerou que foi como "dar uma medalha ao monte Evereste por ser a montanha mais alta". O nome do próprio Cohen foi várias vezes apontado como candidato ao Nobel.


Nascido a 21 de setembro de 1934 numa família judaica em Montreal (Canadá), Leonard Cohen compôs algumas das músicas mais inesquecíveis das últimas décadas.
Ainda no Canadá licenciou-se em literatura na Universidade McGill, em 1955, e integrou o grupo musical The Buckskin Boys.
Mudou-se para Nova Iorque com uma bolsa para a Columbia Graduate School, e aos 24 anos recebeu outra, do Canada Council, para escrever um livro, o que lhe permitiu viajar para a Europa.
Cohen acompanhou sempre a música com a literatura, a sua grande paixão, que começou aos 16 anos, quando escreveu os seus primeiros poemas.
Publicou o primeiro álbum, "Songs of Leonard Cohen", em 1967, já depois de ter feito trinta anos e de ter revelado a faceta literária, em particular com o livro de poesia "Let us compare mythologies" (1956) e o romance "O Jogo preferido", (1963), editado em Portugal em 2010.
Leonard Cohen é também autor do livro de poesia "Flowers for Hitler" (1964).
Em Portugal estão também publicados "Filhos da Neve" e "O livro do desejo", que reúne poemas dispersos escritos ao longo dos últimos vinte anos, alguns dos quais durante um retiro budista de Cohen nos Estados Unidos e na Índia.
Alguns dos poemas desse livro foram adaptados para letras de canções.
Considerado um dos mais importantes nomes da música popular do século XX, Cohen escreveu músicas simbólicas da sua geração, incluindo "Hallelujah."
"Suzanne" ou "So Long Marianne" ilustram, em 1967, uma primeira coleção de canções marcadas pelo sofrimento amoroso.
Aos 77 anos, foi distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias das Letras pelo "imaginário sentimental" da escrita e da música, justificou o júri.
No mesmo ano, em 2011, foi galardoado com o 9.º Prémio Glenn Gould, atribuído de dois em dois anos a artistas que contribuam para enriquecer a condição humana e representem os valores da inovação, inspiração e transformação.
Apesar da idade, estava mais ativo desde 2008, quando iniciou uma nova digressão internacional, depois de uma ausência de 15 anos, e editou o álbum "Old Ideas" (2012).
Em 2014, lançou o álbum "Popular Problems", que aborda preocupações e dilemas do mundo atual.
Sobre este álbum, marcado pela sua voz cavernosa e grave, Leonard Cohen afirmou que é atravessado por um sentimento identificável por todos: "Toda a gente sofre e toda a gente luta por ser alguém, por ser reconhecido. É preciso perceber que a luta de um é igual à luta de qualquer outro; e o sofrimento também. Creio que nunca se chegará a uma solução política se não se perceber esta ideia".
Questionado se uma canção pode oferecer soluções para problemas políticos, respondeu: "Eu penso que a canção é, ela mesma, uma espécie de solução".
Cohen foi precedido na morte, em julho, por Marianne Ihlen, a norueguesa com quem viveu na ilha grega de Hydra e que inspirou "So Long, Marianne".
Numa carta para Ihlen revelada por um amigo, Cohen declarou o seu "amor sem fim" por ela, escrevendo: "Eu acho que vou seguir-te muito em breve."


fonte: http://24.sapo.pt/noticias/internacional/artigo/a-voz-melancolica-de-uma-geracao-morreu-aos-82-anos_21495996.html

Carta à donzela

De: Amigo
Para: Donzela

Mia senhor,
Como vais? Sei que sofres pela minha ausência. Desculpa pela resposta tardia, pois tenho andado ocupado a servir el rei.
Novas terras conheci e novos costumes soí veer, mas vivo em saudade da terra que me viu nascer. Enfrentei a ira dos mares, e por muitas cousas passei, mas a tua memória do meu coração nunca apaguei.
Ben vos digo que volto san' e vivo e trarei comigo memórias das terras por onde passei.
Com gran pena me despeço de vós fremosa donzela.

Sempre vosso,
Amigo.


Autores: Catarina Silva, Tomás Chasqueira, Sara Nunes e Sofia P. Faustino 10º.C

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Dicionário Criativo

Micro-ondas: Local isolado onde os micróbios fazem surf.
Autor: Luís Lin, 10º A4D

Mosca: Animal concebido estritamente para chatear.
Autor: Luís Ferreira, 10º A4D



domingo, 13 de novembro de 2016

Dança

Um homem chamado João
Apaixonado pela dança
Como não tinha ninguém para dançar
Criou uma mulher na imaginação.

Dançou com ela até se cansar
Pois amava dançar
Só que às vezes a sua imaginação
Não funcionava, ele era adulto.

Passado muitas horas
e muitos passos de dança
Começou a não gostar dela
Porque ela desaparecia.

Mesmo que ela seja imaginação
Gostava de se ir embora do João
Passado algum tempo
Ela tornou-se real.

Muito triste, o João
Do fundo do seu coração
Já não gostava dela
Pois já não era a sua paixão.


Autores: Catarina e Duarte 5ºB

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

A gravidade está a viajar

A gravidade tem
De nos puxar aos dois
Mas não te vejo há algum tempo

Tenho de te encontrar
Para ficarmos
mais próximos

Tento puxar-te
Mas não consigo
Animar-te

Fiz-te descer
E felizes ficamos
Com ideias espetaculares

Fomos dançar
Até ficarmos
Mais animados

Cantámos e tocámos
E entusiasmados ficámos.


Autores: Duarte Pereira e Manuel Silva 5ºA

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Dicionário Criativo

Relógio: Objeto que antecipa o futuro.
Autor: António José Borges

Livro: Almofada de papel.
Autora: Beatriz Armeiro, 10º A4D



terça-feira, 8 de novembro de 2016

Levou-s' a louçana

        Era uma fria manhã, quando o sol começou a despontar. Despertou então a leda donzela, formosa e bela. Pela calada da manhã, apenas com o chilrear dos pássaros, vai a donzela lavar os longos e negros cabelos com a água fria da fonte. Vestiu-se com suas longas vestes e adornou-se com suas jóias, levando um pequeno pente no seu cesto, onde guardava todos os seus pertences.
        Saiu de sua casa, caminhando descalça pelo extenso caminho de terra batida, estreito e cercado de flores de ambos os lados, que ligava a sua povoação à pequena fonte de pedra, donde jorrava água fria e límpida. Andava tranquilamente quando, ao avistar a fonte, se deparou com um veado, altivo e elegante que olhava na sua direção, como que esperando por ela.
        Quando a donzela se dirigiu à fonte de mármore, pousando as suaves mãos sobre a fria pedra, o veado curvou ligeiramente a sua cabeça cor de avelã, olhando-a curiosamente com seus grandes olhos aveludados. Esticando a pequena mão, a donzela preparava-se para tocar a cristalina água, tirando seu pente do cesto quando, discretamente a princípio, o cervo do monte afundou a sua pequena cabeça na água, agitando-a. Ao tentar molhar a ponta do seu cabelo, o veado agitou-se turvando a água. A donzela afastou-se da fonte, olhando alegremente o cervo da floresta, segurando o cabelo nas mãos, leda dos amores, dos amores leda.


Autoras: Catarina Silva, Sara Nunes e Sofia P. Faustino, 10º C

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Os humanos insufláveis

O Romeu
Vai andando
E a Julieta
Vai dançando.


Numa noite fui
A um espetáculo
Encontrei lá o
Meu crustáceo.


Nesse espetáculo
Comecei a limpar
Mas um homem
começou a gritar.


Com muito medo
Comecei a fugir
Não sei porquê
Mandaram-me despedir.


No fim do espetáculo
Fiquei desiludida
Mas quando o encontrei
comecei logo a sorrir


Quando a vi
Não pensei em
Mais nada corri
como uma “rabanada”.


Depois começámos
A dançar e a cantar
E até eramos
um belo par.


Quando acabámos
de dançar convidei-a
para jantar.


Neste encontro
tão romântico
percebi que
ela era o meu cântico.


No fim desta
história, vamos cantar
Uma música que fará
o amor voar.


O amor reina a vida
Se não fosse ele e a simpatia
Pouco mais havia.


Autores: Rodrigo Saraiva e João Tiago 5ºA

O verdadeiro amor

Na dança,
A tristeza começa
Mas com grande paixão
E nessa tristeza não havia solidão.


Ao exprimirem-se
A paixão começa a voar,
Como se fosse um passarinho a dançar
E a cantar.


Começam
A dançar nas estrelas
Como se não tivessem gravidade
Na solidão


Nas estrelas,
Fazem uma viagem de espantar,
Com as estrelas cadentes a passar.


Entretanto,
Houve uma barreira
Que os separou,
E a solidão atuou.


Autores: Tomás Mendonça e António Carraça do 5.ºB

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Fui eu à fontana

Fui eu à fontana
E o cervo da floresta vi
Perdoa mãe, meu atraso,
Pois na fontana me perdi
        Fui eu à fontana
        E o cervo do monte vi

Ai mãe, peço perdão
Mas veio o cervo do monte e turvou
A água da fontana, surgindo do chão
Que os meus longos cabelos lavou
        Fui eu à fontana
        E o cervo do monte vi

O cervo do monte foi por cousir
Como lavei o cabelo e pode veer
lavar o cabelo a moça de bon parecer
E com ele me encontrei, pois'ele lá quis ir
        Fui eu à fontana
        E o cervo do monte vi


Autoras: Catarina Silva, Sara Nunes e Sofia P. Faustino


fontana: fonte
cervo: amigo
cousir: admirar

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Uma escultura de 250 mil livros em forma da impressão digital de Jorge Luis Borges


Qual a melhor forma de homenagear o pioneiro do realismo literário Jorge Luís Borges? Um labirinto de 250.000 livros em forma da sua impressão digital, dizem os artistas Marcos Saboya e Guarter Pupo, que idealizaram o projecto para a cena cultural dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.
Desde aí, o projecto – denominado aMAZEme – acumulou prémios e reconhecimento por toda a Europa. Agora, ele foi nomeado para o German Design Award 2015, devido às suas “paredes de palavras. “É uma experiência de estarmos imbuídos de literatura, […] acreditando que as palavras são os blocos que edificam as nossas vidas”, explicam os autores.
Depois da exibição original, em Southbank, Londres, o aMAZEme foi desconstruído e os livros doados para a Oxfam International.

Indonésia: biblioteca comunitária feita com caixas de gelado

Por vezes, para um projecto de arquitectura ser considerado um caso de sucesso, há uma ideia pré-concebida da necessidade de um grande investimento económico, bem como a noção que a tecnologia de última geração tem de estar presente. Mas nem sempre é esse o caso, como o edifício da Microlibray, na Indonésia, tão bem vem mostrar.


Concebida pelo atelier de arquitectura alemão Schau, esta biblioteca comunitária de Bandung, tem uma fachada ventilada feita com um material muito pouco convencional: caixas de gelados usadas.
Com um custo de produção de €35.000, a Microlibray é a primeira biblioteca da equipa Schau, a estrear em terras da Indonésia, e quer promover o gosto pela leitura a nível nacional, bem como facilitar o acesso a livros, para os mais pobres.
Apadrinhada pela organização Dompet Dhuafa (Pocket for the Poor) e pela Indonesian Diaspora Foundation, o edifício é composto por uma simples estrutura com vigas de aço, e paredes e tectos de betão. Para a fachada, a equipa Schau procurou um material barato, que permitisse a fácil circulação do ar, tornando o interior mais agradável para ler um bom livro, sem necessidade de ar-condicionado.
Depois de reunir 2 mil caixas de gelado usado, trabalhadores locais tiveram a tarefa de dividir as embalagens numa torre gigante, apoiada por uma estrutura metálica. Os tubos de gelado foram colocados num ângulo que impede a entrada das chuvas e, se por acaso, uma tempestade mais violenta atingir a zona, portas giratórias protegem completamente o interior dos elementos naturais.
Inspirados pela transmissão de informação em código binário, os responsáveis do projecto esconderam uma mensagem na estrutura do edifício que diz “ buku adalah jendela dunia”, ou seja, “os livros são janelas para o mundo”.
O único senão deste projecto é a muito provável frequente manutenção, uma vez que as caixas de gelado não foram pensadas como material de construção, logo são muito mais vulneráveis às condições atmosféricas da zona, comenta o Gizmag.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Os primeiros exemplares do "Atlas da língua portuguesa"

Os primeiros exemplares do "Atlas da língua portuguesa", que pretende ser um "instrumento de afirmação da lusofonia", vão ser mostrados em Brasília pelo ministro dos Negócios Estrangeiros português, disse hoje o professor Luís Reto, autor da obra.





O “Atlas da língua portuguesa” ainda está na gráfica, mas o ministro Augusto Santos Silva, autor do prefácio da obra, “vai levar alguns exemplares” para a cimeira que assinala os 20 anos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que se realiza em Brasília, nos dias 31 de outubro e 01 de novembro, adiantou Luís Reto, reitor do ISCTE-IUL, que publicou “Potencial económico da língua portuguesa”, em 2012.


“Há pouca divulgação sobre a língua portuguesa e sobre os países” da CPLP, justificou Luís Reto, sublinhando que o português “está vivo e a crescer”, principalmente devido ao “crescente número de alunos que se inscrevem” no estrangeiro para o aprender.


Trata-se de “um conjunto de indicadores que dão um bocado suporte à ideia de que o português hoje é uma língua global e que está em crescimento, e quais são as grandes tendências, nos vários setores”, explicaou


“A ideia foi fazer um atlas com um conjunto de indicadores”, económicos, demográficos, geoestratégicos, por exemplo, “onde está a ser ensinado português, onde está a crescer mais o português”, referiu o autor, dando destaque aos casos de Estados Unidos e China.


“Se as previsões demográficas da ONU estiverem certas, em 2100 haverá mais gente a falar português em África do que no Brasil”, notou.


O livro de 270 páginas — adiantou Luís Reto — tem “muito pouco texto” e é “muito ilustrado”, com mapas e gráficos, incluindo ainda um capítulo com “pequenos textos de autores dos oito países de língua portuguesa” (alguns ainda não estavam traduzidos e foram-no agora).


Apoiado pelo Camões, Instituto da Cooperação e da Língua e pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, o livro — uma edição bilingue (português/inglês) para cumprir a “finalidade de divulgação internacional” — será lançado em breve, em Portugal.

Obra de Herberto Helder sobe ao palco do Teatro do Bairro Alto.

A produtora teatral Berma estreia esta terça-feira o seu primeiro espetáculo, “A máquina de emaranhar paisagens”, a partir de Herberto Helder, com Dinarte Branco, no Teatro do Bairro Alto, em Lisboa, como anunciou o Teatro da Cornucópia.

“A partir da obra de Herberto Helder cria-se um espetáculo de teatro cuja dramaturgia é construída unicamente" sobre "os seus textos e poemas”, afirma em comunicado a Cornucópia.

“Através da voz e do corpo do ator e de um diálogo íntimo com o músico Cristóvão Campos, acredita-se que a imagética, a musicalidade, o ritmo impresso nos textos e poemas, tornem real um outro entendimento" destes, "não na tentativa de os explicar, ou de os resolver, mas de os pensar e receber de uma forma diferente”, lê-se no mesmo documento.

A peça, que propõe procurar a poesia de Herberto Helder em palco com os espectadores, estará em cena até 06 de novembro, em regime de “acolhimento” pelo Teatro Cornucópia no seu espaço, o Teatro do Bairro Alto, ao Príncipe Real, em Lisboa.






A direção e interpretação são de Dinarte Branco, a composição musical e interpretação em cena, de Cristóvão Campos, a cenografia, de Paulo Oliveira, e, os figurinos, de Cristina Homem de Gouveia.

Herberto Helder morreu na noite de 23 para 24 de março do ano passado, na sua casa, em Cascais, e foi recordado, na ocasião, pelo meio literário e político como o "mago da palavra", poeta "vulcânico" que se remeteu ao silêncio, mas cuja obra deixa marcas na literatura portuguesa.

Discreto, avesso ao lado mais mundano da vida literária, sobrevivem-lhe mais de cinquenta obras, sobretudo poesia, que o inscrevem no reservado espaço dos maiores poetas de Língua Portuguesa.

Autor que "fugiu à banalidade", Herberto Helder foi um "mago da palavra" que "tirou magia em tudo que tocava", afirmou, no dia da sua morte, o catedrático de Literatura Arnaldo Saraiva.

Um poeta inovador que criou "uma nova linguagem, que é verdadeiramente mágica e esplendorosa", acrescentou o jornalista José Carlos Vasconcelos.

Nascido na Madeira, em 1930, Herberto Helder viveu quase sempre no continente, desde a adolescência, teve vários ofícios - operário, repórter de guerra, editor, empacotador, bibliotecário -, mas o da escrita foi o mais constante, desde que publicou o primeiro livro, "O Amor em visita", em 1958.

O crítico Pedro Mexia identifica-lhe uma apropriação da palavra sem desconfianças, ironias ou cinismos e considera-o, por essa força verbal, o maior poeta da segunda metade do século XX, tal como Fernando Pessoa o foi no começo daquele século.

Após a sua morte, foi publicado o último livro organizado pelo autor, "Poemas canhotos", seguindo-se, este ano, em março, "Letra aberta", livro de inéditos.

Quando da publicação deste título, a Porto Editora disse que tinha em curso a digitalização do espólio do escritor.




Fonte: Agência Lusa

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Os 12 melhores livros portugueses dos últimos 100 anos

A revista Estante convidou um júri de cinco elementos, composto pela jornalista Clara Ferreira Alves, o crítico Pedro Mexia, o professor catedrático Carlos Reis, o editor Manuel Alberto Valente e a jornalista Isabel Lucas, para eleger os 12 melhores livros portugueses dos últimos 100 anos. 




Ao longo de dez edições, a revista Estante tem vindo a entrevistar muitos autores portugueses, explorando várias temáticas nas quais a língua portuguesa surge como pano de fundo. Tinham desde o início uma vontade que transformaram em desafio e materializaram em iniciativa: eleger os melhores livros portugueses.
O desafio não se adivinhava fácil: escolher os melhores livros portugueses dos últimos 100 anos. Contudo, reunidos à volta de uma mesa, a escolha foi até bastante rápida.
O júri selecionou os melhores livros portugueses dos últimos 100 anos, restringindo a escolha a obras de ficção narrativa publicadas entre 1 de janeiro de 1916 e 1 de janeiro de 2016. A eleição recaiu sobre os 12 livros que se apresentam abaixo, sem qualquer ordem a não ser a alfabética.
Curiosamente, entre os autores dos livros selecionados apenas dois estão vivos: António Lobo Antunes e Agustina Bessa-Luís. Deixamos mais informação sobre cada um destes livros que ajudam não só a justificar a escolha do júri, mas a enquadrar a importância de cada uma das obras na literatura portuguesa dos últimos 100 anos.

A Casa Grande De Romarigões 
 Sabias que a Casa Grande de Romarigães é real e que aí moraram o ex-Presidente da República Bernardino Machado e o próprio Aquilino Ribeiro (1885-1963)?
O escritor beirão sobre quem Fernando Namora disse ser “aquele jovem que trouxera a província para a cidade” conta nesta obra, publicada pela primeira vez em 1957, a história de Portugal através desta casa parcialmente em ruínas. Aquilino Ribeiro encontrou correspondências entre antigos habitantes da casa, datadas entre 1680 e 1828, e decidiu continuar a história. 

A Sibila
 A Sibila consagra Agustina Bessa-Luís (nascida em 1922) como um dos nomes a ter em conta na ficção portuguesa contemporânea após a sua publicação, em 1954.
O sentimento telúrico está presente em quase toda a sua obra e neste livro há uma espécie de chuva torrencial de memórias das personagens, onde o passado legitima o presente e vice-versa.
A autora inaugura uma nova forma de narração que irá caracterizar toda a sua obra e tem três eixos fundamentais: o papel das mulheres, a importância da recordação e um discurso que se repete mas acrescentando sempre novas informações. Há uma complexidade na obra de Agustina que a torna única na literatura portuguesa.

Finisterra 
 Sobre esta obra, Herberto Helder deixou-nos estas palavras: “Proposto como romance, é antes uma alegoria ficcionalmente articulada que pode ser lida na perspetiva de uma espécie de cartografia imaginária do autor, constituindo assim a melhor introdução ou o melhor comentário à sua obra.”
Publicado em 1978, Finisterra tem como pano de fundo a paisagem gandaresa e explora a decadência de uma família, espelhada numa casa em estado de degradação contínuo.
Na obra, Carlos de Oliveira (1921-1981) explora também a interpretação subjetiva do homem no seu contacto com a realidade.

Húmus 
 Publicado em 1917, no ano da revolução soviética, Húmus tem um toque de socialismo cristão. O livro começa e acaba fazendo referências à morte, sendo que o próprio título nos remete para a “camada superior do solo, composta em especial de matéria orgânica, decomposta ou em decomposição”.
Nesta obra de Raul Brandão (1867-1930) a ficção dilui-se na prosa, numa vila literária criada pelo próprio autor. Um livro que tem tanto de mórbido como de inovador para a época em que foi lançado.

Livro do Desassossego 
 Sabias que este livro foi publicado em 1982, 47 anos depois da morte de Fernando Pessoa (1988-1935)? Sobre o livro, o próprio autor resume: “São as minhas confissões e, se nelas nada digo, é que nada tenho para dizer.”
Escrito durante mais de 20 anos sob o heterónimo de Bernardo Soares, personagem criada por Pessoa, são mais de 500 textos sem qualquer sequência entre si. E é um livro inacabado.
Os textos passam-nos a inquietação, a angústia, mas também a lucidez e a capacidade de reflexão do autor, demonstrando a complexidade da mente de Pessoa e as inúmeras dúvidas que o próprio tinha acerca da sua personalidade e sobre a vida.

Mau Tempo no Canal
 David Mourão-Ferreira descreve este livro como “a obra romanesca mais complexa, mais variada, mais densa e mais subtil em toda a nossa história literária”.
Mau Tempo no Canal demorou cinco anos a ser escrito por Vitorino Nemésio (1901-1978) e parte da história do casal Margarida Clark Dulmo e João Garcia. Mas Vitorino Nemésio serve-se destes personagens apenas como gancho para nos relatar uma sociedade açoriana estratificada, com todos os problemas que a atingem: angústias, sofrimentos, paixões e o sentimento tão único de ser ilhéu.

O Ano da Morte de Ricardo Reis
 A obra de José Saramago (1922-2010) é tão singular que lhe valeu o Prémio Nobel de Literatura – o único que Portugal recebeu até hoje nesta área.
O Ano da Morte de Ricardo Reis é não só peculiar como faz por questionar tudo o que nos rodeia. Quem somos? O que nos acontece quando morremos? Somos únicos ou, como Fernando Pessoa, somos vários?
O livro conta a história do regresso a Portugal, vindo do Brasil, de Ricardo Reis, o heterónimo de Pessoa, quando confrontado com a morte do seu criador. É um livro denso mas vai envolvendo o leitor do início ao fim, fazendo também uma viagem pela história de Portugal.

O Delfim
 Nesta obra publicada em 1968, José Cardoso Pires (1925-1988) procura olhar para outros homens e entendê-los, como tão bem explica Gonçalo M. Tavares no prefácio.
Em O Delfim assistimos a uma escrita despojada por parte de um autor que procura transparência. Cardoso Pires descreve o regime salazarista e debruça-se sobre a forma como este afeta as relações entre as pessoas. É este equilíbrio entre a metaforização de um regime e a descrição do seu declínio que torna O Delfim uma obra tão relevante para a literatura portuguesa.

Os Cus de Judas
 “A dolorosa aprendizagem da agonia.” É assim que António Lobo Antunes (nascido em 1942) classifica a guerra de Angola. Neste livro, o autor reflete sobre os horrores a que assistiu durante os dois anos em que esteve destacado na ex-colónia portuguesa em formato de testemunho.
É o seu segundo livro, publicado em 1979, e o veículo para uma voz demasiado tempo silenciada, que vem contar a sua versão dos factos, concluindo que aquela guerra não passou de um “gigantesco” e “inacreditável” absurdo.
Os Cus de Judas é um relato doloroso das vivências de Lobo Antunes em Angola, no qual o narrador deixa transparecer feridas ainda bem abertas.

Os Passos em Volta 
 Publicado em 1963, Os Passos em Volta está entre o conto, o romance e o discurso autobiográfico, num livro que espelha o homem-poeta com um tom refletivo de quem procura respostas.
Sendo um dos pioneiros do surrealismo em Portugal, Herberto Helder (1930-2015) escreve: “Não queremos este inferno. Deem-nos um pequeno paraíso humano.”
Este livro retrata a busca incessante de um homem para o sentido da sua existência e é também uma obra que nos transcende.

Para Sempre
 Este romance semiautobiográfico de Vergílio Ferreira (1916-1996) transpõe para a narrativa, como grande parte da obra do autor, o pensamento filosófico e a sensação de inquietude do indivíduo.
Para Sempre é uma obra onde a morte está presente do início ao fim, mas que surge ao leitor como a única solução para o fim do sofrimento. Nas páginas deste livro acompanhamos a dor do protagonista e partilhamos a sua mágoa, como se fossemos nós a senti-la.
A forma como Vergílio Ferreira explora a língua portuguesa para transmitir emoções é de uma mestria digna de destaque.

Sinais de Fogo 
 É em paralelo com a Guerra Civil Espanhola que este romance autobiográfico acontece, na década de 1930.
Sinais de Fogo é uma obra inacabada e publicada em 1979, um ano após a morte do autor, que tem como eixo central a paixão de Jorge por Mercedes. É nos episódios que rodeiam esta relação que Jorge de Sena (1919-1978) coloca toda a poesia deste romance, considerado por muitos um marco da literatura portuguesa da segunda metade do século XX.

Fonte:  Agenda Cultural de Lisboa; http://www.revistaestante.fnac.pt/os-12-melhores-livros-portugueses-dos-ultimos-100-anos/

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Crianças francesas irão fazer um documentário em português

O instituto cultural franco-brasileiro Alter'Brasilis, localizado em Paris, está a fazer um jornal e um documentário realizados por crianças que estão a aprender português. 


Este projeto está a ser coordenado por Béata Sitarek, coordenadora das aulas de português para as crianças no instituto, que planeia desenvolver o bilinguismo junto dos alunos que nasceram em França e que têm laços familiares com a língua portuguesa.
"Esse projeto surgiu a partir disso: dar as ferramentas para eles descobrirem sozinhos o que é o Brasil, o que é o português, por que é que a gente fala português, qual é a nossa cultura, como é vista a nossa cultura aqui, como é que a gente vai crescer com essa cultura da mãe ou do pai vivendo num país que é outro", descreveu a franco-polaca que viveu uma temporada no Brasil e tirou um curso, em França, de Línguas Estrangeiras Aplicadas.
As crianças já criaram o jornal, intitulado "A Turma Franco-brasileira", e as filmagens começaram em setembro, no início do ano letivo, sendo o objetivo "incluir os pais, as professoras e quem sabe, um jornalista" para que as crianças possam trabalhar "todas as competências linguísticas porque vão falar, vão escrever, vão ler [em português]".
"É um projeto em que as crianças criaram um jornal, já achámos um nome, elas já têm as carteiras de jornalista e vão entrevistar as outras turmas sobre um calendário de eventos anuais. No final do ano [letivo], o projeto final é criar - a partir dessas pequenas entrevistas, das filmagens que eles vão fazer e das fotos que vão realizar - um pequeno documentário", explicou a professora.
Béata Sitarek sublinhou que os professores vão acompanhar os alunos, mas serão as próprias crianças a filmar e a entrevistar-se.
O instituto cultural franco-brasileiro Alter'Brasilis nasceu em 2010 e é presidido atualmente por Laura Bettencourt, uma francesa que se apaixonou pelo Brasil na Austrália.
"Apaixonei-me pelo Brasil quando morava na Austrália porque lá morava com amigos só brasileiros e depois decidi aprender a língua porque era próximo do espanhol. Encontrei a Alter'Brasilis e comecei a ter aulas de português do Brasil. Fui morar no Rio de Janeiro em 2010 e depois voltei para França e comecei a trabalhar mais na associação", contou Laura Bettencourt.
A associação Alter'Brasilis tem aulas de português para crianças e adultos, cursos de língua portuguesa em empresas francesas, aulas de preparação para a obtenção do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros e, ao longo do ano, vai propondo conferências, encontros literários, exposições e espetáculos.


Fonte: http://mag.sapo.pt/cinema/atualidade-cinema/artigos/criancas-francesas-vao-fazer-documentario-em-portugues

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Inspirações

"Um bom livro é aquele que se abre com prazer e se fecha com proveito", Sara Nunes
"Ler deve ser como respirar", António José Borges