segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Bernardim Ribeiro e Gil Vicente em "Um Auto de Gil Vicente"

           Na introdução desta obra assistimos à caracterização de Bernardim Ribeiro e Gil Vicente. 
        Em primeiro lugar, Gil Vicente é, efetivamente, apresentado na peça de Garrett enquanto "homem do povo" (l. 99), querendo e fazendo tudo pela sua arte, sendo que procura sempre aperfeiçoá-la e ser reconhecido socialmente, algo que temos, de facto, vindo a confirmar no "Auto de Gil Vicente". 
        Já Bernardim Ribeiro, "nobre e cavalheiro" (l. 108), dedicava-se às letras por passatempo, visto que servia a corte por ofício, contrastando com Mestre Gil, que "viveu independente no meio da dependência" e se viu livre da escravidão da corte. 
        Em segundo lugar, estamos perante um carácter "original e atrevido" (l. 104) de Gil Vicente, uma vez que lhe era permitido, como o próprio D. Manuel sugere, a crítica à sociedade nos seus diversos domínios ("Nunca me escondi de priores nem de cónegos (...) Vossa Alteza sabe bem que não sou medroso. Quando eu fiz o clérigo da Beira..."- Um Auto de Gil Vicente, cena 6, ato I). 
        Por outro lado, assistimos a um carácter menos mordaz e mais sentimental de Bernardim, explanado na "Introdução" desta obra ("e amar nele foi viver - amou como poeta" - l. 111) e no próprio texto em si, em concreto nos amores que viveu com D. Beatriz. Constata-se, assim, o sentimentalismo do autor de Menina e Moça, que, ao contrário de Gil Vicente, não procurou reconhecimento social, mas antes a realização pessoal e sentimental.
        Concluindo, assistimos a uma concordância do esboço inicial das personagens com o seu desempenho ao longo da ação. 


Autora: Catarina Silva



segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Cantiga de Amor - Elogio Cortês


 “Pois Deus assim a criou”
 
Que admiração tenho por mha senhor
De ti não levo rancor
Ah, sois tão perfeita e impar
Vejo-te impossível de igualar
             Pois Deus assim a criou
Para quem nunca a desamou
 
Teus cabelos d’oiro ao luar
Como é possível não mirar?
Teu corpo formoso e olhos de safira
É pecado de quem não os admira
            Pois Deus assim a criou
            Para quem nunca a desamou

Mha senhor é tão inteligente
Que se destaca na sociedade
Teu coração não mente
Tua personalidade é bondade
            Pois Deus assim a criou
            Para quem nunca a desamou

Abençoas este mundo
Até ao fim dos meus dias
Com esse teu encanto profundo
Ai meu amor, tu me deste alegrias
            Pois Deus assim a criou
            Para quem nunca a desamou
 
 
Autores: Diogo Vicente, Francisco Grilo, Guilherme Magalhães, Maria Garcia, Rafaela Garcia e Rita Fernandez