O livro Crónica de Brites foi escrito por Júlia Nery em 2008. Editado pela Sextante editora, com inúmeras edições. A escritora nasceu a 28 de Outubro de 1939, em Lisboa. Escreveu diversas obras, das quais se destacam O Cônsul, Valéria, Valéria e Da Índia com amor.
Na crónica de Brites a autora dá vida e voz a Brites de Almeida ou até mesmo a Almeida, também conhecida como a mística padeira de Aljubarrota. Esta trata-se de uma personagem complexa, que vai alternando entre Brites e Almeida, duas personalidades distintas que vivem em conflito dentro da padeira. Destaca-se também o copista de Fernão Lopes a quem Brites conta os acontecimentos mais marcantes da sua vida e o que a levou a ser conhecida pelo povo como a mulher que matou sete castelhanos com uma pá de forno.
É de notar a relevância histórica desta obra através da presença de Fernão Lopes e de episódios relatados nas suas crónicas (“Costumam às vezes os altos feitos terem começo por meio de tais pessoas que ninguém, entre o povo comum, cuidaria que fossem azo para elas”, Fernão Lopes). Ao longo da história, Brites vai relatando episódios marcantes nos quais participa, como o Cerco de Lisboa, que integra a Crónica de D. João I.
A nosso ver, este romance histórico revelou-se uma surpresa na medida em que é envolvente e de leitura leve. A linguagem é simples e de fácil compreensão, não lhe retirando temperatura literária. Este livro é, sem dúvida, um exercício que prova como um romance pode ser História e como a História pode virar romance ( de resto na crónica de D. João I, de Fernão Lopes, a História é romanceada, por via de crónica, que veio dar origem à Literatura Portuguesa que influencia muitos escritores atualmente).
Como percorre o imaginário popular, terá mesmo existido a mítica Padeira de Aljubarrota? Como afirma o livro, “Deixada na voz das gentes, o tempo lhe daria asas para chegar a todo o lado, como sempre acontece a tudo o que o povo conta como verdadeiro” (p. 207).
Autores: Catarina Silva, Sara Nunes e Sofia P. Faustino
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