Após a leitura de Camilo Pessanha, é possível distinguirmos as linhas temáticas e estilo predominantes.
Segundo Jacinto do Prado Coelho, “Ninguém melhor que Pessanha transmitiu associações subtis de sentimentos e sensações”. Camilo recorre frequentemente a imagens e símbolos subtis e fugidios para exprimir as suas ideias, por este motivo a sua poesia revela-se uma das mais difíceis de se decifrar. É visível, ao longo de toda a sua obra, um respeito pela estética simbolista em que as descrições apresentam contornos indefinidos, tal como no impressionismo.
Segundo Jacinto do Prado Coelho, “Ninguém melhor que Pessanha transmitiu associações subtis de sentimentos e sensações”. Camilo recorre frequentemente a imagens e símbolos subtis e fugidios para exprimir as suas ideias, por este motivo a sua poesia revela-se uma das mais difíceis de se decifrar. É visível, ao longo de toda a sua obra, um respeito pela estética simbolista em que as descrições apresentam contornos indefinidos, tal como no impressionismo.
É recorrente o uso de vocábulos que funcionam como símbolos reveladores de sentimentos ou realidades: as rosas representam o amor, os castelos e os sonhos. O desfolhar das rosas surge como representação da fragilidade do amor, enquanto “acrópole de gelos” figura como alegoria da morte.
No poema “Floriram por engano as rosas bravas”, faz-se uma alusão à passagem do tempo concretizada na sugestão do amadurecimento do sujeito poético e da sua amada, através da imagem “cai neve nupcial” - isto sugere os seus cabelos brancos e a referência ao próprio inverno como representação da velhice. É também aparente a expressão da união e desencontro concretizada na antítese dos versos 6 e 7 (“Onde vamos, alheio o pensamento, / de mãos dadas? Teus olhos, que um momento/ perscrutaram nos meus, como vão tristes!”)
Concluindo, em grande parte das composições de Camilo Pessanha tudo é sugerido e nada é dito explicitamente.
No poema “Floriram por engano as rosas bravas”, faz-se uma alusão à passagem do tempo concretizada na sugestão do amadurecimento do sujeito poético e da sua amada, através da imagem “cai neve nupcial” - isto sugere os seus cabelos brancos e a referência ao próprio inverno como representação da velhice. É também aparente a expressão da união e desencontro concretizada na antítese dos versos 6 e 7 (“Onde vamos, alheio o pensamento, / de mãos dadas? Teus olhos, que um momento/ perscrutaram nos meus, como vão tristes!”)
Concluindo, em grande parte das composições de Camilo Pessanha tudo é sugerido e nada é dito explicitamente.
Floriram por engano as rosas bravas
Floriram por engano as rosas bravas
No inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?
Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!
E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...
Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze - quanta flor! - do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?
Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'
Quem as esparze - quanta flor! - do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?
Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'
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